Ditado à realidade
Vou ditar a realidade que vejo.
Soletrar quando não for entendida.
M-A-I-S D-E-V-A-G-A-R
Pausar.
Recomeçar do ponto onde fiquei,
se me for clara a sua fisionomia.
Rasurar, riscar a vermelho,
se me for desconfortável a sua construção.
Encontrá-la, quieta, à minha espera.
ditar as palavras e as frases
a ouvidos atentos e humildes
agarrados a corpos etéreos e esponjosos,
ciosos do outro como de si.
Ditar as palavras e as frases
que comporão as linhas de jovens cadernos,
e com eles fazer o arquivo da minha biblioteca real.