O aparador de cabelos e ramos
A barbearia do avô cabia no verde da sua cadeira giratória
no canto mais nobre da casa da farinha.
Ali, à beira da porta empenada onde mais luz e pó entrava,
no cimo da pequena rampa sulcada por onde tanto corri.
Reflectindo as manchas que o tempo soube criar
acompanhadas dos túneis que o bicho soube roer.
Impregnando-me de cores que não mais soltei,
e de mistérios que não mais achei.
A ele, nunca o vi pegar em madeixas ou caules,
permanecendo em mim o mito do aparador de ramos e cabelos.
Soube um dia,
que aparava para cuidar, por vezes cabelos, por vezes ramos.
Consoante a necessidade.