Conto-te a ti
Conto-te a ti,
ninguém nos ouve.
Houve um dia do qual já mal me lembro
que não tinha a quem contar.
Ali nos quintais,
conta-se uma história de cumplicidade,
num laço de afecto tão palpável,
que nos reveste.
Aqui na sala,
ouve-se o riso solto
à beira de transbordar o olhar.
Conto-te a ti.
Lá longe,
outros,
achinesados de modos,
estranhos de si.
Cá dentro,
a paz
anexa-se a nós
como se nos amasse.
Conto-te a ti,
houve um dia
e agora há este.